Released: February 28, 2000

Songwriter: Ace (Mind Da Gap)

Producer: Serial

[Verso 1]
Passei-me de vez a solo, não queimo ninguém
Assumo o que penso, digo e o que faço também
Já me segurei vezes de mais, quase rebento por dentro
Explodo, inundo o mundo com o meu sentimento, sou cinzento
Obscuro, já visitei o lado escuro
E no passado já quis limitar o meu próprio futuro
O presente é negro, cercam-me por todo o lado
Hipocrisia e mentira, falsidade deixam-me abalado
Dou-vos um bom combate, não retribuo o vosso abraço
O ataque é a melhor defesa e causa embaraço
Uma palavra vale mais que mil imagens, coragem, caguei
Por isso vejam como agem ou reagem
Antes a morte à desonra, pena máxima à vergonha
Sonha quem achar que vou perder a minha honra
Desafio a própria vida pelo stress que me oferece
Fala o que nunca obedece porque o que é bom nunca aparece
Desabafo e sei que vou escandalizar muita gente, paciência
Tenho que me libertar antes que rebente
Começa agora e falo para quem enfiar o barrete
Se te sentires atingido então a música promete
Escreves torto por linhas certa, pensas ser o maior
Só se for o maior palhaço ou ignorante mor
Cruzaste no meu caminho, resolveste chamar a atenção
E tudo o que conseguiste foi oferecer-me um ódio de estimação
Safas-te pela distância, levas uma dedicatória
Uma carta e uma música que entraram para a história
TU que também ainda não sei como escapaste
Bazaste, conseguiste, quase todos enganaste
Cobarde na voz, esconde-te, aponta, dispara
Esvai, vai p'rá cova, cai, antes de ires, repara
Na cara que te olha: Eu, rimo de contente, sente
Não és homem, és nada, és um excremento de gente
Como aqueles que me invejam e desejam tudo mal
Eu sou o mal, nunca fui um gajo cem por cento normal
Não tenho nada a perder enquanto não tiver ganho
Não me conhecem, percebem que sou um tipo estranho

[Refrão]
Há pessoas pelas quais morreria, gajos pelos quais mataria
Gajos para os quais na boa cagaria e continuaria
A vida é assim, assim é esta merda de vida
No ódio ou no amor, a Verdade é que me guia
Há pessoas pelas quais morreria, gajos pelos quais mataria
Gajos para os quais na boa cagaria e continuaria
A vida é assim, assim é esta merda de vida
No ódio ou no amor, a Verdade é que me guia
(Me guia...)
A Verdade

[Verso 2]
Não chorem quando partir pois lutei com o destino
Queimem a bandeira e façam tocar o meu hino
Tenho flashes de memória que visualizo na pupila
Amigos que ele não quis que esperassem na fila
Família e conhecidos ou ilustres desconhecidos
Largaram noutra viagem, nunca mais perdidos
Pago o preço de viver pela sentença de um crime
Às vezes vendia a alma ao Diabo para que tudo fosse sublime
Agradeço à minha mãe (Vem) ter acreditado
Por ter força pa lutar e me ter me'mo contrariado
Para morrer à nascença, estava marcado, caguei
Avisado por uma velhota, destino guardou-me para rei
O meu pai, o meu ídolo, tentei, teu modelo imitei
Para chegar onde cheguei, acredita que lutei
Li o que muitos ainda não leram, escrevi o que não entenderam
Descobri o que não me explicaram, merdosos esconderam
Falo de quem odeio e destesto, ignoro, é normal
Falo de quem admiro, amo e tento proteger do mal
Meus homens, meus soldados, Coalizão, Segundo Piso
O mundo é nosso, what? (What?) Planeta já recebeu o aviso
Irmãos de mãe diferente, unidos numa só mente
Todos desiguais mas mais ou menos tudo a mesma gente
Este abraço alarga-se a costas de sul a norte
A gajos verdadeiros que me apoiam e protegem até à morte
Serial e Presto, apesar de tudo, ainda bem que existiram
Este meio fodeu-me mas vocês de mim, não desistiram
Quando me apunhalaram, vocês nem acreditaram
Porque sou paranóico até quando na crew se confrontaram
Esta é a realidade, a de quem acusa a receita eleita
PT99 Beretta mas na ponta de uma caneta
Sou o pior pesadelo de gentes com dor de cotovelo
Que não sou modesto nem falsamente irei sê-lo
Conhecido por ser arrogante, não arrogante por ser conhecido
Tido como antipático por não ser um falso vendido
A música é a minha terapia, desculpem tá o tom
Agressivo e muito obrigado pela vossa atenção
A música é a minha terapia...
Desculpem tá o tom...
Obrigado aos Mind Da Gap pelo apoio na missão (Mind Da Gap)
Pai, mãe, avó, Mó, Cristina, André, puto Kiko
Todos os meus amigos quer seja pobre ou fique rico
Lealdade, sinceridade, na união ou na saudade
Juntos ou separados, sempre ligados pela verdade

[Refrão]
Há pessoas pelas quais morreria, gajos pelos quais mataria
Gajos para os quais na boa cagaria e continuaria
A vida é assim, assim é esta merda de vida
No ódio ou no amor, a Verdade é que me guia
Há pessoas pelas quais morreria, gajos pelos quais mataria
Gajos para os quais na boa cagaria e continuaria
A vida é assim, assim é esta merda de vida
No ódio ou no amor, a Verdade é que me guia
(Me guia...)
A Verdade

[Outro]
A Verdade é que me guia
A merda é real
Esta é a minha realidade (A minha realidade)
Esta é a minha verdade (Verdade)
Nada é ficção onde eu me encontro
(Nada é ficção neste conto)
A Verdade
Esta é a minha verdade
Os falsos escondem-se atrás da mentira
Os verdadeiros perpetuam o seu próprio destino através da verdade

Mind da Gap

Mind Da Gap é um grupo de rap do Porto, pioneiro no movimento hip-hop português, formado por Ace, Presto, e pelo produtor e DJ Serial.

Ace e Presto conhecem-se por volta de 1993 e formam “Da Wreckaz” como um duo (onde faziam apenas rap em inglês). Posteriormente, conhecem Serial, tendo-se identificado os 3 como das poucas pessoas que gostavam de hip-hop na altura, formam um trio. Tempos depois, mudam o nome para Mind Da Gap, admitindo a sua sonoridade própria com instrumentais originais de DJ Serial.

Lançaram o seu primeiro EP homónimo em 1995, e o primeiro álbum, Sem Cerimónias, em 1997, gravado nos estúdios da Valentim Carvalho em Lisboa. Desde então, editaram mais cinco álbuns e uma colectânea de êxitos.